top of page

Sobre a desconexão com passado e futuro.

"No passado a ignorância era puramente passiva; mera ausência de conhecimento. Recentemente, no entanto, assumiu uma qualidade mais [ativa] e maligna: uma profunda aversão por qualquer coisa que cheira a inteligência, educação ou cultura.

[...] Os jovens estão condenados a viver num eterno presente, um presente que existe simplesmente, sem conexão com o

passado que pode explica-lo ou um futuro que dele possa surgir. A vida desses jovens é, verdadeiramente, uma sucessão de maldições. Da mesma maneira, estão privados de quaisquer padrões razoáveis de comparação pelos quais julgar os próprios males. Acreditam que são carentes porque as únicas pessoas as quais podem comparar-se são as que aparecem nos anúncios ou na televisão.

[...] — Como vamos nos interessar por alguma coisa?— perguntam. É aí que o efeito fatal da educação como mero entretenimento se faz notar. Para o desenvolvimento do interesse, é necessário poder de concentração e a capacidade de tolerar certo grau de tédio enquanto são aprendidos os elementos de uma determinada habilidade visando um fim meritório.

Infelizmente, vinte anos não é idade para aprender a concentrar-se nem a tolerar esforços que, em si, não são prazerosos. Por nunca terem experimentado as alegrias de dominar algo pelo esforço disciplinado e com mentes profundamente influenciadas pelos movimentos rápidos e superficiais de imagens excitantes, esses jovens adultos descobrem que um interesse continuado em qualquer coisa está além do alcance.”

Theodore Dalrymple, em "A Vida na Sarjeta"

Foto: Tom Roberts, Ignorance os bliss


 POSTS recentes: 
 procurar por TAGS: 
Nenhum tag.
bottom of page