O ouvir atento antes de pré-julgar conhecer.
Na clínica, precisamos suspender toda forma de conhecimento e com ouvidos atentos nos atentar na compreensão profunda daquele que se propõe a nos convidar para seu universo interior, pois cada um é único e possui uma multiplicidade de sentido que se o conhecimento chegar antes da compreensão impede que aquilo que é mais profundo se revele. Em frente a uma alma humana o que vem em primeiro lugar é a compreensão.
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Jung em seu livro Presente e futuro diz: "O médico principalmente deve ter consciência desta contradição. Por um lado, ele está equipado com as verdades estatísticas de sua formação científica e, por outro lado, ele se depara com a tarefa de cuidar de um doente que, principalmente no caso da doença mental, exige uma compreensão individual. Quanto mais esquemático o tratamento, maiores as resistências no paciente e mais comprometida a possibilidade de cura. O psicoterapeuta ver-se-á obrigado a considerar a individualidade do paciente como fato essencial, a partir do qual deverá ajustar os métodos terapêuticos. Hoje já se tornou um consenso na medicina de que a tarefa do médico consiste em tratar de uma pessoa doente e não de uma doença abstrata que qualquer um poderia contrair." (JUNG, 1991)