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Conceituações sobre o estigma.

Apesar da utilização desse termo desde a antiguidade grega, é com Erving Goffman na década de 60, que o mesmo foi analisado sob a perspectiva social (Siqueira & Cardoso, 2011b).

Segundo Goffman (1988), a sociedade define como deve ser um individuo normal, e para tanto estabelece categorizações de pessoas e seus atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias. As relações sociais cotidianas já têm estabelecidas a cada ambiente social um tipo propício de relacionamento entre os indivíduos com suas características já pré-estipuladas e esperadas. Deste modo, as pessoas normais já antecipam as categorias e os atributos de anormal que se aproxima, através da visualização de primeiros aspectos que não o caracterizam como parte da referente categoria.


Goffman (1988) evidencia três circunstâncias para se ocorrer o estigma: abominações do corpo, como por exemplo, as deformidades físicas; as culpas de caráter individual, como desonestidade, vontade fraca, doença mental, vício, homossexualismo, prisão, etc.; e os estigmas advindos de origem tribal, como religião, raça e nacionalidade. Nestas tipologias encontra-se um mesmo traço sociológico, onde um indivíduo teria toda possibilidade de ter facilidade em qualquer relação social. Porém, devido a alguma característica que possa atrair a atenção como fora da normalidade e afastar aqueles que encontra, tem assim fechada a possibilidade de reconhecimentos de outros atributos particulares que poderia vir apresentar.


É realizada pelo meio social a demarcação dos juízos de valores éticos e morais e também dos atributos presentes nos sujeitos que não correspondem à qualidades determinadas como aceitáveis para tal categoria. Como parte de suas ações, o social:

“rotula, cataloga os sujeitos e os estigmatiza, marginalizando-os e classificando-os como sujeitos ou grupos de sujeitos de pouca potencialidade humana, criativa, e até mesmo destrutivos, prejudiciais à convivência comunitária. O modelo social cria e determina um padrão externo ao sujeito, sobre o qual permite prever a categoria e os atributos; e isso passa a ser configurado como um critério único da identidade social do sujeito, que irá nortear as suas relações de convivência social, no entanto tais atributos poderão não representar sua identidade real” ­(Melo, 2005, p.19).


Diversos estudiosos sobre estigma enfatizam que muito mais importante que o enfoque da observação da estigmatização na pessoa, é compreender o determinado contexto social no qual esta inserida, pois é a própria cultura que define e discrimina os atributos a serem estigmatizados. Desta forma, o processo de estigmatização se dá segundo três dimensões, ligadas fonte social de relacionamentos e interações: perspectiva, identidade e reação. A perspectiva está vinculada com a forma como o estigma é percebido por quem profere a atitude estigmatizante ou pela pessoa que é vítima. A segunda dimensão é identidade, elaborada através de uma contínua construção pautada desde a total individualidade até às identificações com o grupo e o sentimento de pertença no mesmo. A reação é a terceira dimensão e está relacionada à forma como reagem estigmatizador e estigmatizado e às suas consequências (Arboleda-Flórez, 2003; Crocker et al., 1998; Yang et al., 2007).


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Bibliografia:


Arboleda-Flórez, J. (2003). Considerations on the Stigma of Mental Illness. The Canadian Journal of Psychiatry, 48 (10), 645-650. Retirado em:https://ww1.cpa-apc.org/Publications/Archives/CJP/2003/november/guesteditorial.asp

Crocker, J., Major, B., & Steele, C. (1998).Social stigma.Em Gilbert, D.T. & Fiske, S.T. (Eds.), TheHandbok of Social Psychology (Vol. 2, pp. 504-553). Boston: McGraw-Hill.Retirado em: http://web.stanford.edu/~hazelm/articles/1998%20Fiske%20Markus%20The%20cultural%20matrix%20of%20social%20psych.pdf

Goffman, E. (1988). Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Márcia Bandeira de Mello Leite Nunes (Trad.), 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC.

Melo, Z. M. (2005). Os estigmas: a deterioração da identidade social. Retirado em:http:www.sociedadeinclusiva.pucminas.br/anaispdf/estigmas.pdf

Siqueira, R. C. & Cardoso Jr. H. R. (2011a). O conceito de estigma como processo social: uma aproximação teórica a partir da literatura norte-americana. Retirado de:http://imagonautas.gceis.net/sites/imagonautas.gceis.net/files/images/6._de_siqueira_y_cardoso.pdf

Yang, L.H., Kleinman, A., Link, B.G., Phelan, J.C., Lee, S., & Good, B. (2007). Culture and stigma: adding moral experience to stigma theory. Social Science & Medicine, 64(7), 1524-1535.Retirado em: http://www.researchgate.net/publication/6612868_Culture_and_stigma_adding_moral_experience_to_stigma_theory/links/0deec52b226654186d000000








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