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Aspectos conceituais do Transtorno do Bipolar.

Os transtornos do humor são um amplo conjunto de transtornos em que o humor anormal e inúmeras desordens associadas imperam o quadro clínico. Tratados por muitas pessoas como transtornos afetivos, a expressão transtornos do humor é melhor cabível, pois alude a estados emocionais persistentes, e não simplesmente à expressão externa (afetiva) de um estado emocional transitório. O estado de humor pode manifestar-se como normal, deprimido ou elevado (Kaplan & Sadock, 2007).


O Transtorno Bipolar (TAB) pertence aos ‘transtornos do humor’ e apresenta como particularidades principais episódios de ‘depressão maior’, de ‘mania’ e de ‘hipomania’ (Kaplan & Sadock, 2007). É caracterizado por alterações patológicas do humor que pode variar desde uma extrema elação ou euforia até uma grave depressão ou disforia (Lima, Sougey & Vallada Filho, 2004). Antes de aprofundar a descrição do TAB será apresentada uma breve explanação acerca da depressão.


A depressão é uma alteração do humor que não pode ser equivocadamente confundida com sentimentos de tristeza (“se sentir para baixo” ou “desmoralizado”), que na maioria das vezes são reações à acontecimentos da vida, que melhoram após um período de tempo e que, normalmente, não dificultam que a pessoa possa seguir sua vida (A. Campos, 2009).


Os sintomas clínicos da depressão são humor depressivo, tristeza, perda de interesse ou prazer, perda ou ganho de peso significativo, insônia (no início, na metade ou no final do sono) ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada, indecisão ou capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se e pensamentos de morte recorrentes (Dalgalarrondo, 2008). Além disso, estão presentes anedonia (falta de prazer em atividades que antes eram prazerosas) e/ou humor deprimido (Kaplan & Sadock, 2007).


Segundo o CID-10, episódios depressivos podem ser considerados leve, moderado e grave (F32). Um episódio depressivo leve, comumente tem presente pelo menos dois ou três dos sintomas citados acima. O paciente normalmente consegue desempenhar a maioria de suas atividades cotidianas, apesar de ser atormentado por estes sintomas. No episódio moderado tem a presença de quatro ou mais sintomas destes citados, e o paciente sente maior dificuldade em exercer suas atividades. Já o episódio depressivo grave é dividido em duas partes: sem e com a presença de manifestações psicóticas. Sem sintomas psicóticos, é um episódio depressivo grave onde grande parte dos sintomas são acentuados e angustiantes, caracteristicamente os pacientes apresentam ausência de autoestima e idéias de menos valia ou culpa. Frequentemente, pode se observar ideações e os atos suicidas e, verifica-se em um grande número de paciente o aparecimento de sintomas psicossomáticos. Em um episódio depressivo grave com sintomas psicóticos, a descrição é similar ao sem sintomas psicóticos, porém seguido de alucinações, idéias delirantes, de uma lentificação psicomotora ou de estupor de tamanha severidade que o paciente fica inviabilizado de exercer qualquer tipo de atividade social simples; há o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo.


Dalgalarrondo (2008) agrupa a classificação da depressão observada na clínica em oito subtipos, sendo eles: episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente, distimia, depressão atípica, depressão tipo melancólica ou endógena, depressão psicótica, estupor depressivo, depressão agitada ou ansiosa, depressão secundária. A definição de cada tipo específico de depressão é baseada em critérios diagnósticos descritos no DSM-IV e CID 10 e a lógica que os organiza, geralmente está relacionada ao tempo de permanência dos sintomas, intensidade, tipo de sintomatologia, associações com quadros orgânicos, fatores desencadeantes entre outros.


Kaplan e Sadock (2007), afirmam que pacientes acometidos unicamente por episódios depressivos maiores apresentam transtorno depressivo maior ou depressão unipolar. Já pacientes que manifestem episódios maníacos e depressivos ou somente episódios maníacos recebem a classificação de transtorno bipolar. Os termos mania unipolar, mania pura ou mania eufórica são usados para pacientes bipolares que não têm episódios depressivos. Visto que episódios de mania e ou hipomania são fundamentais para o diagnóstico diferencial entre depressão e TAB, logo adiante esses estados foram conceituados.


No estudo da terminologia da palavra ‘mania’, observa-se que a mesma é proveniente da expressão ‘manomai’ que significa louco, demente. Em Latim, é ‘insania’. Já para os povos gregos a palavra mania estaria ligada a uma diversidade de distúrbios mentais (Soares, 2010).

Os episódios de mania são estados de exaltação do humor, elação (expansão do eu), irritabilidade (ou labilidade afeitva), sentimentos de grandeza, agitação psicomotora, logorreia, exacerbação da sexualidade, desinibição social e heteroagressividade. Podem ser mais graves quando além desses sintomas aparecem os psicóticos, como ideações delirantes de grandeza ou poder, ou também místico-religiosas, às vezes seguidos de alucinações auditivas ou visuais (Dalgalarrondo, 2008). Este período de estado de humor anormal e persistentemente elevado faz com que o indivíduo se apresente expansivo ou irritável, permanecendo desta forma no mínimo durante uma semana. A intensificação desses sintomas pode levá-lo à hospitalização (Kaplan & Sadock, 2007).

Bibliografia:

Campos, A. M. M. (2009). Depressão e otimismo: uma visão do desemprego, sob o prisma da psicologia da saúde. Retirado em:https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/268/1/Optimismo%20%26%20Depress%C3%A3o.pdf

Dalgalarrondo, Paulo. (2008). Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2.ed. Porto Alegre: Artmed

Kaplan, H., Sadock, B. J. &Sadock, V., (2007).Compêndio de Psiquiatria :Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 9.ed. Porto Alegre: Artmed

Lima, I. V. M., Sougey, E. B., &Vallada Filho, H. P. (2004). Genética dos transtornos afetivos.Revista de Psiquiatria Clínica, 31(1), 34-39. Retirado de:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000100006&lng=en&tlng=pt. 10.1590/S0101-60832004000100006.

Organização Mundial de Saúde (1997). CID-10 : Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde. 5.ed.10.rev. São Paulo: EDUSP.

Soares, O. T. (2010). Avaliação da confiabilidade e validação da versão em português de uma escala de auto-avaliação de hipomania (HCL-32 hypomaniachecklist). Dissertação de Mestrado, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo. Retirado em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5142/tde-22092010-125216/


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